sexta-feira, 17 de julho de 2009

As malas antes do fim

Melhor morrer de vodca do que morrer de tédio!
Maiakosvki

O armário abarrotado. As paredes nuas. A escrivaninha desorganizada. Uma vida resumida em três imagens.

A cama simetricamente arrumada e com um cheiro de perfume barato de uma mulher bem valiosa...

Sobre a ponta da cama arrumo minha mala, decido lentamente o que caberá neste micromundo. Entre as vitais prioridades estão os Livros, a Vodca e as prostitutas e a partir dessa nova trindade defino um critério, critério decepado pela realidade crua e ensandecida que proíbe de carregar o melhor da trindade; a paralisação do tempo, o excesso de embriaguez e a sinceridade das putas.

Como não posso encarcerar tais sensações, logo me reservo a eleger alguns livros: A bíblia é escolha obrigatória, afinal a viagem é longa e o riso se faz necessário. O outro livro é o anticristo, um manual e uma armadura contra os covardes e deístas de plantão. O Restante jogo ao alto, os que cairem dentro da minha mala ficarão, o restante deixo aos vermes e insetos, leitores mais utéis do que vocês.
No canto extremo direito guardo duas garrafas de vodca, saborosas e refinadas quanto um sábado em um Gulag tendo o Stalin como Guia. Tais Vodcas são simbólicas e remetem ao meu passado revolucionário, por isso as comprei na Wall Mart mais próxima de meu apartamento de 1000 metros quadrados.
No restante da mala, e ainda restava muito espaço, serão apenas para os meus verdaeiros amores: as putinhas, e não falo apenas das agiotas do amor profissionais, falo das amadoras também que buscaram através de sua roupagem de pessoa honesta esconder a verdaeira e mais bela face. Eis que chego a uma encruzilhada existencial, mais difícil de minha longa jornada. Pedaços de livros e vodcas são factualmente possíveis de guardar e as putas, como guardarei os seus pedaços mais ... é ... singelos.

Não! Caro Manson, não posso... arrancar os pedaços das garotas, tenho que ser solidário com os companheiros que virão. Contento-me com o vazio físico da mala, preenchendo apenas com o étereo das ilusões de amor que deixei e o rosto verdadeiro de prazer quando uma agiota profissional, conta o seu dinheiro vai embora do quarto.
A prostituta só enlouquece excepcionalmente.
A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios
escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira.
Nelson Rodrigues

5 comentários:

  1. Olá, Amigos Peste, Fome e Morte.

    Eis o primeiro texto de minha jornada neste Blog, não garanto prazos nem qualidade, apenas uma vontade de criticar a moral cristã.

    As malas antes do fim será o primeiro texto de um livro de contos especialmente dedicado a esse fato que logo acontecerá entre nós, o fim está próximo...

    Saudações Obscuras

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  2. Caro Ícaro,

    Seu texto está muito bom!


    Parabéns!


    Ah, e o fim está próximo...

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  3. Ícaro lembre-se: Um homem que aposta contra Deus e perde. Perde tudo...

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  4. Parabéns, até que enfim alguém começou a escrever.

    Parece Ícaro, que os nossos amigos ainda querem ser perdoados...

    E minha cara Peste, não adianta botar terror, somos criaturas bem quistas por Ele.

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  5. Luís Alexander, é esse o nome. Está prestes a perder a alcunha de Peste.

    Neste blog, não sou Homem e sim o próprio conquistador, estou fazendo minha parte.

    Deus, ele é leitor assíduo do Blog e pode ter certeza que se diverte mais do que você.

    Não Faço apostas e muito menos vou perder, a não ser a chance de ser ainda melhor. Aliás Aguarde, a próxima revelação é o Descaminho de Compostella....

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